Um combate polémico: Paul e Tyson vão abalar o mundo do boxe

Sete combates estão agendados para os fãs, com o evento principal a contar com duas figuras controversas de gerações diferentes.

O YouTuber tornado pugilista profissional Jake Paul vai defrontar o antigo campeão de pesos pesados Mike Tyson num combate fortemente promovido que desperta sentimentos diferentes nas pessoas, mas cumpre o seu objetivo na perfeição.

Dinheiro em primeiro lugar

O combate estava inicialmente previsto para 20 de julho, mas devido a uma úlcera inflamada de Tyson, foi adiado por alguns meses. A notícia do regresso de Iron Mike aos ringues causou agitação no mundo do desporto, embora nem todos a tenham recebido com agrado.

Tyson, que tem um registo de 50-6, incluindo 44 knockouts, era um dos pesos pesados mais temidos da história, mas não participa num combate profissional desde 2005. O YouTuber Paul é 30 anos mais novo e tem um registo de 10-1.

"Estou ansioso para entrar no ringue contra Jake Paul. Ele cresceu de forma tremenda ao longo dos anos como boxeador, por isso vai ser muito divertido ver o que a vontade e a ambição de um miúdo podem fazer com a experiência e a habilidade do melhor de todos os tempos", disse Tyson em comunicado no início deste ano.

E é precisamente a enorme diferença de idades que provavelmente mais incomoda os críticos. Alguns não querem ver uma lenda de um desporto extremamente difícil perder para alguém como Paul.

Outros acreditam que Tyson nem sequer se ajudaria a si próprio se ganhasse, porque não tem nada a ganhar do ponto de vista desportivo, só pode perder. Mas o facto é que ambas as partes calcularam bem todo o combate.

Embora ainda não haja informações oficiais sobre o prémio monetário, Paul deu a entender alguma coisa.

"Estou aqui para ganhar 40 milhões e nocautear uma lenda", disse recentemente.

Se acrescentarmos a isso o facto de o evento ser transmitido pelo popular serviço de streaming Netflix e de o local ser o AT&T Stadium, com capacidade para 80-000 pessoas, é evidente que não vão competir por trocos.

Seguindo os passos do irmão

Os organizadores contam que o evento atraia uma geração diferente de espectadores. Enquanto Paul é mais procurado pelos jovens, o sobrenome Tyson ainda pode atrair aqueles que nasceram alguns anos depois, os que assistiram à sua ascensão e queda na TV ou nos jornais, e a nostalgia é uma ótima ferramenta de marketing.

Por falar em marketing, já vimos a imagem de uma lenda do boxe a enfrentar uma "estrela mimada da Internet" (como os meios de comunicação a retratam, pelo menos na maior parte das vezes). Em julho de 2021, o Hard Rock Stadium, na Flórida, ficou lotado para um confronto entre Floyd Mayweather Jr. e o irmão de Jake, Logan, que há anos construiu um vasto império no YouTube e, desde então, tem atraído as atenções para si próprio com proezas desportivas e vídeos controversos.

O resultado? Um empate e a especulação de que Mayweather teria poupado o seu adversário. Mais tarde, o próprio pugilista afirmou que sim. Os números confirmam-no: em 107 murros, acertou 43 vezes no adversário (40,2%), enquanto Logan só o atingiu 28 vezes (12,9%) em 217 tentativas.

Mas o mais importante é que tanto os organizadores como os participantes ganharam dinheiro. Durante meses, especulou-se sobre a compra de mais de um milhão pay-per-views, transmissões mundiais e prémios chorudos.

Diz-se que Floyd ganhou 25 milhões de euros por um simples anúncio nas suas camisolas. Mas isso não é tudo. Mesmo antes do combate, já se falava de um prémio de 40 milhões de euros pela vitória. Uma parte da venda de bilhetes e das taxas de transmissão online também foi adicionada ao rendimento. O prémio para Logan? Cerca de 18 milhões de euros.

Ambos os Pauls têm à sua volta equipas que sabem como vender e fazer bom dinheiro. Se comprou recentemente uma bebida energética de supermercado com um "P" no início, Logan Paul estará a agradecer-lhe à distância sem que tenha de saber quem ele é.

Programas desportivos, podcasts, publicações nas redes sociais, personal branding, tudo isto contribui para a enorme rotação de relações públicas deste duo fraterno.

Mas não esqueçamos que estes rapazes têm um grande talento desportivo e preparam-se diligentemente para os seus combates. Quando Logan iniciou a sua carreira de lutador profissional na organização WWE, aprendeu tão rapidamente que dominou em poucos meses o que outros estavam a tentar aprender há anos.

No entanto, se quisermos fazer uma comparação entre os dois irmãos, Jake não está à altura de Logan em termos de popularidade, e o encontro com o icónico Tyson pode dar-lhe um novo rumo. Afinal, já alcançou o irmão em termos de seguidores no Instagram (27 milhões) e está "apenas" três milhões atrás no YouTube.

Por isso, vê o encontro de novembro como uma grande oportunidade para fazer crescer a sua marca. Como qualquer bom empreendedor...