Villas-Boas garante conversa com Conceição: "Será a primeira pessoa que irei abordar"
"Conceição será a primeira pessoa que irei abordar"
Momento de mudança: "Não tem a ver com pressa, tem a ver com a preparação que fiz para me apresentar ao ato eleitoral de 2024. Sempre perspetivei uma carreira curta de treinador, estou intimamente e emocionalmente vinculado ao FC Porto como sócio e adepto e nos últimos dois anos dediquei-me a preparar esta candidatura de forma rigorosa".
Pinto da Costa: "O FC Porto encontra-se num momento decisivo da sua estabilidade e sustentabilidade. Nos últimos 12 anos, acumulámos 250 milhões de euros de passivo, significa que, anualmente, adicionamos prejuízo às nossas contas. Os modelos de governação do FC Porto têm de ser refeitos. Se o presidente continuasse, e tendo em conta as pessoas com que se está a rodear, podíamos continuar facilmente para a ruína financeira. Não vamos lá com retoques de maquilhagem das equipas e desculpabilizando-se com as saídas de outros administradores que colocaram o FC Porto na situação em que está atualmente. Acho que todos os líderes devem assumir responsabilidades, tanto nos sucessos como nas derrotas, orientei sempre a minha carreira dessa forma enquanto treinador. As responsabilidades também contam do ponto de vista financeiro, de sustentabilidade, e é isso que não temos visto nos últimos anos. Temos visto o FC Porto a perder capacidade competitiva, que não se adaptou infraestruturalmente como os seus rivais, em défice relativamente às modalidades femininas e tudo isso é um reflexo de uma gestão que estagnou no tempo. Daí que ache que o momento é agora".
Declarações de Pinto da Costa sobre relação de André Villas-Boas e erros de arbitragem: "São declarações infelizes e muitas têm sido ditas nesta candidatura. O candidato Pinto da Costa nunca pensou que esta candidatura se tornasse tão forte e gerasse tanto entusiasmo. Isso confrontou o presidente com uma situação que nunca teve nos últimos 42 anos. A realidade é que os sócios fartaram-se, exigem mudança e querem um FC Porto virado para a modernidade e isso não está a acontecer".
Luís André: "São brincadeiras, o presidente tem essa ironia bem presente. Não levo a mal. Estou focado na minha candidatura. Todas as divergências e sound bytes que surgem paralelos a este ato eleitoral não me causam transtorno".
Treinador: "Gostava de respeitar a palavra do treinador. Sérgio Conceição sempre se colocou à parte do ato eleitoral, compreendo que não seja fácil para ele gerir toda a comunicação à volta da equipa. Recordo que já o fez. Em 2020, já era treinador, houve um ato eleitoral, tem essa experiência e não é novidade para ninguém. O que diverge de 2020 será o poder da candidatura da oposição. O treinador atual do FC Porto manteve-se à parte, será a pessoa que irei abordar. Faz sentido ter uma conversa, perceber as razões pelas quais não foi feita a sua renovação, que pode ter a ver com as suas motivações relativamente à sua carreira. Nunca falei com o treinador relativamente a este assunto".
Antero Henrique "não terá nenhum papel no FC Porto"
Zubizarreta: "Tive uma relação de muita empatia profissional e pessoal com o Zubizarreta. Tenho planos muito bem definidos. O meu FC Porto de futuro assenta numa direção desportiva sustentada. A formação terá um papel a jogar, a performance, o scouting também, tudo obedece a uma direção desportiva estruturada onde farei confiança a pessoas com as quais trabalhei. É possível que aconteça. Será um anúncio para quinta-feira, do agrado dos associados. Obedece ao perfil desejado".
Jorge Costa: "É um dos apoiantes desta candidatura. Como elemento histórico do FC Porto, que tudo ganhou, entende que também é uma altura de mudança e manifestou o seu apoio pessoal. Neste momento, fico feliz por poder contar com um universo de pessoas do mundo azul e branco. O Jorge Costa é uma dessas pessoas, está vinculado ao AVS, e logo veremos".
Antero Henrique: "Não tem nada a ver com esta candidatura. É uma pessoa amiga, com a qual me relaciono, falo de temas relacionados com a candidatura, mas não tem impacto sobre decisões futuras e estruturantes do FC Porto. Foi dos melhores profissionais com os quais trabalhei, mas não terá nenhum papel no FC Porto do futuro".
Vítor Baía: "O Vítor Baía é que pode explicar. Não posso dedicar-me a desmentir declarações. Ainda ontem (segunda-feira) tivemos mais um episódio infeliz, a dizer que era falso que não tínhamos recebido a aprovação da Agência Portuguesa do Ambiente para a construção do centro de alto rendimento em Gaia e facilitamos imediatamente a autorização do mesmo para a comunicação social. Não posso passar a vida a desmentir as barbaridades que são ditas pela outra candidatura".
"São eventos que não trazem boa memória"
Academia: "Em 2022, quando iniciamos o projeto, não havia conversas sobre a academia da Maia. O FC Porto estava em vias de rescindir um contrato que tinha assinado para construir uma academia em Matosinhos. Queríamos resolver os problemas estruturais do FC Porto com a criação de um novo espaço. Para nós, fazia sentido colocá-lo em Gaia, também do ponto de vista do custo e velocidade da operação. Encontrámos dois terrenos, fechámos um que estava na família Amorim. É um contrato de promessa de compra e venda que está assinado comigo e que depois será pegado pelo FC Porto, cedendo a minha posição. As duas unidades juntas, em termos de futebol, têm 10 campos de futebol".
Joaquim Oliveira: "Decidi convidar o Joaquim para a minha apresentação no dia 17 de janeiro. Relacionei-me mais nos tempos em que estava no FC Porto. Tem de perguntar a ele porque é que o vê como inimigo. Só pode ser esclarecida entre os dois. O presidente não tem acompanhado a centralização e as suas implicações. O que falta definir é a chave de repartição relativamente ao futuro".
Assembleia Geral e Operação Pretoriano: "Representam um marco histórico negro na história do clube. Houve um sinal de grande vitalidade, movimento dos associados, de volta a uma Assembleia Geral que tem de ser valorizada. Os incidentes que ocorrem a seguir são graves, de intimidação, de agressões, de tentar impedir as pessoas de expressar livremente a sua opinião. É um dia para jamais esquecer e repetir".
Claques: "O FC Porto tem de ter. Os grupos organizados de adeptos representam o tipo de adepto que gosta de viver os jogos de forma diferente, apoiando e cantando a favor do FC Porto. É um modo de estar que é respeitável. O que não pode haver é desigualdade em termos de direitos, entre os sócios e o público. Tem de haver equidade. Esta falta de equidade levou a muita frustração por parte de alguns adeptos e associados relativamente às claques".
Segurança em risco: "Houve incidentes que sofremos diretamente na pele e o meu zelador principalmente. Não foi o único evento. Tentamos encarar a vida de forma normal, mas são incidentes que nos marcam. A mim e à minha família. Foi-nos atribuída proteção, sentimo-nos seguros, mas são eventos que não trazem boa memória".
"88 por cento dos associados do FC Porto estão em três distritos"
Presidente não remunerado: "Estamos para servir o FC Porto. Dentro da candidatura, há pessoas que fazem um esforço financeiro para vir para o FC Porto, sofrendo cortes na sua remuneração. O presidente tem de ser o reflexo máximo deste esforço, mudar o paradigma. Também é presente num dos nossos rivais e penso que é assim que deve ser no futuro. Tenho orgulho em representar esta mudança. Teremos cortes acentuados em termos da remuneração, tem sido um dos pontos de escândalo relacionados com a administração de Pinto da Costa. Em 12 anos, falamos de 27 milhões de euros em remuneração".
FC Porto em risco: "O que nos alertou foi um prospeto que estava presente no site do fundo Quadrantis, onde estavam a ser dadas como colaterais receitas do FC Porto. Esse prospeto, curiosamente, mudou recentemente. Onde apareciam logos da Arábia Saudita, por exemplo, a transferência do Otávio, logo da Super Bock. Quando vimos a presença destas receitas colaterais relacionadas com o FC Porto ficou claro que este levantamento de capital que Pinto da Costa queria, na ordem dos 300 milhões, pudesse ter a ver com este fundo levantar capital. Isso ficou claro quando, neste fundo, fazem parte João Kohler e José Fernando Figueiredo, que mais tarde viria a ser apresentado como CFO do FC Porto. Continuamos a ver muitos sinais da influência deste fundo. Tudo roda à volta das mesmas pessoas".
FC Porto voltar a ser grande e final Europeia: "Dificilmente. Há uma ameaça clara ao ecossistema do futebol atualmente, por conta da decisão do Tribunal Europeu às competições europeias. Isto levou à reformatação de todas as competições da UEFA e vive-se uma altura muito sensível. Parece claro que há um domínio cada vez maior dos grandes clubes europeus e grupos de clubes - grupo City, PSG, Textor, Red Bull. Também temos fundos de investimento que compram carteiras de agentes de jogadores. As coisas tornaram-se muito sensíveis e para o FC Porto chegar a uma final europeia tem de estar ao máximo nível desportivo, scouting, formação e criação de uma equipa competitiva. É muito mais complicado. Temos essa experiência que nos permite sonhar".
Família Pedroto: "O ADN e cultura do FC Porto passa de geração em geração. Atravessa o tempo. Não podemos confundir as coisas do ponto de vista competitivo e crescimento nacional obrigatório para o FC Porto. 88 por cento dos associados do FC Porto estão em três distritos - Porto, Braga e Aveiro. Para um clube que tudo ganhou no passado, significa muito pouco. Temos de crescer. Este novo FC Porto que se levanta deve também representar um crescimento do associativismo do FC Porto a nível nacional. Não tem a ver com ser simpático, tem a ver com o nosso ADN".
Ato eleitoral: "Falta definir pequenos aspetos, no que toca particularmente aos delegados às mesas das candidaturas, se podem ser candidatos aos órgãos ou não".
Voto em Pinto da Costa por gratidão: "Não temo. Quero que os sócios decidam racionalmente, emocionalmente também, mas há que ter uma consciência racional do futuro do FC Porto. Esta candidatura tornou-se muito forte e estas serão, muito provavelmente, as eleições mais votadas da história do clube. Tudo o que surgir destas eleições será uma vontade quase unânime dos sócios. Que haja transparência, escolha, que toquem emoções, razões e que o presidente eleito seja o que vai lutar pelo bem comum do FC Porto e seja o presidente de todos os associados do FC Porto".