Vitória inglória e com sabor amargo da Tunísia (1-0) diante da campeão mundial França
Para se qualificar,a Tunísia sabia que tinha de vencer e esperar que o encontro entre Austrália e Dinamarca terminasse empatado. Em caso de triunfo dos australianos, a Tunísia ficaria automaticamente eliminada, e caso os dinamarqueses ganhassem, os tunisinos teriam de vencer por uma margem superior.
Tendo em conta todo este contexto, foi natural a "revolução" operada por Didier Deschamps no onze da França, com nove alterações em relação ao duelo contra a Dinamarca, incluíndo a estreia absoluta de Axel Disasi, defesa do Mónaco que fez o primeiro jogo pela seleção. Em comparação com o jogo anterior, só Raphael Varane e Aurelién Tchouaméni se mantiveram na equipa.
Do lado tunisino, Jalel Kadri foi mais contido, mas, mesmo assim, promoveu seis alterações, mantendo apenas o guarda-redes Aymen Dahmen, os defesas Nader Ghandri e Montassar Talbi, e os médios Aissa Laidouni e Ellyes Skhiri.
E, mesmo assim, foi a Tunísia que se mostrou melhor numa fase inicial do encontro. Agressiva e pressionante, a formação africana chegou ao golo aos 8 minutos, num desvio de Ghandri após livre lateral, mas o lance foi invalidado por posição irregular do defesa.
Os gauleses mostravam dificuldades e ideias parcas, contexto facilmente justificado pelas muitas mexidas e pela falta de automatismos da equipa. Tanto que só aos 25 minutos respondeu, numa transição rápida que terminou com remate desviado de Kingsley Coman, servido por Youssouf Fofana.
O jogo equilibrou, mas sempre com sinal mais para a Tunísia, que voltou a visar a baliza gaulesa ao minuto 35, com um remate de Wahbi Khazri, em zona central, para defesa apertada e de recurso de Steve Mandanda.
Bem organizados, os tunisinos mantiveram o ímpeto até ao intervalo, diante de um França de quem se esperaria mais, mesmo tendo em conta a rotatividade apresentada, já que a capacidade ofensiva revelada foi quase nula durante a primeira metade.
O descanso parecia vir em boa altura para os franceses, mas a segunda metade arrancou com o mesmo desígnio. Ainda que com os comandados de Deschamps mais subidos no terreno, foi a Tunísia quem voltou a criar perigo, logo aos 50 minutos, com Laidouni a ganhar posição a Disasi, mas a rematar ligeiramente por cima.
E a verdade é que a seleção africana tanto ameaçou, que acabou mesmo por marcar. Com 58 minutos jogados, Laidouni deu sequência a uma recuperação de bola a meio campo e assistiu Khazri, que, com uma arrancada excelente, encarou Varane, deixou-o para trás e abriu o marcador perante a pressão de Disasi.
A Tunísia reforçava, assim, a esperança num inédito apuramento para as fases a eliminar do Mundial-2022, mas os festejos duraram apenas um minuto, por influência do que ia acontecendo no estádio Al Janoub, onde, logo de seguida, a Austrália colocou-se em vantagem diante da Dinamarca, recuperando o segundo lugar do grupo D.
Deschamps viu-se obrigado a ir ao banco e chamou a jogo os habituais titulares. Kylian Mbappé e Adrien Rabiot foram os primeiros, acompanhados por William Saliba, e seguiram-se Antoine Griezmann e Ousmane Dembélé, mas nem assim a França conseguia criar perigo. E, se provas disso faltassem, a estatística tratou de o demonstrar, já que o primeiro remate dos gauleses enquadrado com a baliza contrária saiu dos pés de Dembélé quando já estavam jogados mais de 80 minutos.
Tardou, mas o conjunto europeu lá acordou. Minutos depois foi Mbappé a testar a atenção Dahmen, antes da primeira grande oportunidade de golo, com um forte remate de Randal Kolo Muani, que pasou ligeiramente ao lado, após boa combinação entre Mbappé e Griezmann.
A pressão francesa ia surtindo efeito e, a terminar, Griezmann chegou mesmo a festejar o empate, num lance de insistência que culminou com um remate já dentro da grande área. Contudo, alertado pelo VAR, o árbitro australiano Matthew Conger foi ver as imagens e invalidou o lance por fora de jogo do avançado do Atlético de Madrid, terminando o encontro pouco depois com a confirmação de um triunfo amargo da Tunísia, que fica pelo caminho no Mundial-2022.
Homem do jogo Flashscore: Aissa Laidouni (Tunísia).