“Fiquei no Internacional até 2010. Conquistei o campeonato gaúcho sub-20 e o profissional em 2009 e depois chegou o FC Porto, de Portugal. Ali, mais uma vez, senti peso que é estar à margem de tudo, não perceber as coisas. Fui vendido por um valor, disseram-me outro, menor. Prometeram um salário de 30 mil euros, eu recebia 15 mil euros, um prémio de assinatura de 500 mil reais (95 mil euros) que não me pagaram até hoje. Perguntaram-me porque não questionei… Eu não sabia quanto valia o euro. Mas jogar no FC Porto, naquele momento, bastava. Estar no mesmo campo com Hulk, Falcao…”, começou por explicar Walter.
O avançado abordou também a saída dos dragões depois de uma época em que fez 10 golos em 25 jogos pelo plantel principal e venceu Liga Europa, campeonato, Taça de Portugal e Supertaça.
“Isso bastou até ao nascimento da minha filha, Catarina Vitória, em 2010. Pela primeira vez comecei a penar em mim, com 23 anos. Quis voltar para o Brasil, não estava satisfeito em Portugal. Deixei o FC Porto e fui para o Cruzeiro, emprestado. Sofri com duas lesões, joguei pouco e mal”, lamentou.
O excesso de peso também sempre atormentou o jogador. À experiência no Cruzeiro sucedeu-se novo empréstimo ao Goiás onde marcou 45 golos em 82 jogos.
“Não era suficiente para a opinião pública. Eu não podia ser bom de bola, um goleador. Era o Walter gordo, jogador do Goiás, estava resumido a um animal: ‘Olha a baleia’. Eu nunca neguei problemas com peso, mas as pessoas chamam-me de cachaceiro e eu nem gosto de beber. O meu problema é a comida, coca-cola, bolachas recheadas… Não há quantidade, é abrir a boca. As pessoas julgam, mas ninguém quer entender. Cada um tem a sua história e a minha e do meu irmão é a de um menino que ia ao mercado, queria algo mais para comer e não tinha nada no bolso”, atirou.
E um processo de emagrecimento que o levou também a ser acusado de doping e a afastar-se dos relvados.
“Jogava no CSA, em 2018, e tomei um medicamento para emagrecer depois de receber um pedido de parceria no Instagram. Conversei com o médico do clube e ele autorizou. Fui inocente e isso custou caro, foram mais de 285 mil euros gastos em processos judiciais”, concluiu.
Atualmente, Walter está no Pelotas que disputa o acesso ao campeonato gaúcho